Artigo por: Bruna Pias
Revisto por: Isolete Sousa
FILMES DO MÊS DE OUTUBRO – SALAS DE CINEMA
O
Drama – “Raptadas” é de longe o filme mais marcante e a estrela na minha
coluna de críticas para o mês de outubro.
Duas
meninas são raptadas em circunstâncias deveras estranhas. Um detetive (Jake
Gyllenhaal) e um pai (Hugh Jackman) em terror trabalham, porém divididos, para
encontrar Joy e Anna.
Não irei desenvolver mais a sinopse
simplesmente porque considero que este filme mexe com quem quer que o veja. Tal
como, por exemplo, “O Impossível” é de certa forma subestimado e talvez não
será a primeira escolha evidente no panfleto dos cinemas. Mas, “Raptadas” é
brilhante!
Da realização ao argumento, passando
por uma galeria excelente de atores incluindo Maria Bello e Viola Davis, é a
demostração do terror, do desespero e da realidade que sobrepõe o rapto de duas
crianças. O pensamento ao longo do filme será aquele de um fã de “C.S.I.”, ou
seja, em constante adivinhação de quem será que cometeu o crime ou se as
meninas serão encontradas com vida.
Não irei desvendar nada mais, pois
até ao momento final não é possível retrair a antecipação, chegando a uma
conclusão tão surpreendente quanto esperado. As vozes, as imagens, a fotografia
sinistra e fria de “Raptadas” não abandonam a mente de quem o visualiza e
deixarão perguntas e corações apertados. Devo referir que o título em inglês
“Prisioners” torna-se no fundo o mais acertado, pois todas as personagens são
prisioneiras de um passado de um presente e de um futuro. Para desvendar este
genial e brilhante mistério terão mesmo de se aventurar nele.
★★★★★★★★★ – 9/10 estrelas
O
Verídico – Vinte minutos, o tempo que
esperei para entrar na sala de cinema. Uma espera que diria excessiva para um
sábado às dez da noite. A grande audiência que se concentrou fora da sala (dezenas) acabou por sair satisfeita com o novo, bem real e emocionante,
Bourne de Paul Greengrass, com uma pequena exceção, desta vez o seu nome é
Phillips.
O filme conta
a história do Capitão que emocionou os Estados Unidos em 2009 após ter sido
raptado por quatro piratas Somalis a bordo do barco americano Maersk Alabama.
Esta foi a primeira embarcação americana
a estar sob ameaça em quase duzentos anos.
Desde a coragem do próprio
Capitão em proteger a tripulação, ao espírito por vezes duro dos próprios
piratas, o filme tem tudo. O aspeto que diria mais surpreendente foi a
capacidade de Greengrass em agarrar o espetador mesmo durante os diálogos em
dialeto Somali, o que pode por vezes ser difícil pela forte habituação da
população em geral à língua inglesa no grande ecrã.
A verdade é que por vezes não
recebemos ambos os lados da história e, neste caso, tanto da parte de quem foi
atacado como da parte de quem atacou compreendemos que, por vezes, as
circunstâncias da vida são mais definitivas que propriamente o nosso estado de
espírito. Quero dizer com isto que não deixei de sentir pena por ambas as
partes intervenientes e a emoção que transporta faz deste filme um elemento de
coração cheio.
Da parte de Tom Hanks, excelente
como sempre, porém peço que fiquem atentos ao jovem Barkhad Abdi, que trabalhava com motorista quando lhe foi oferecido o
papel de Muse, o Capitão pirata, a sua experiência quase nula na representação
não foi notória e entregou uma atuação cheia de vida e emocional.
Os vinte minutos não só valeram a
pena como deveriam ser uma tendência em todas as salas que apresentam a
aventura do “Capitão Phillips”.
★★★★★★★★ – 8/10 estrelas
O
Ficção Científica – Este mês vi-me perante uma grande dúvida quanto ao
filme “Gravidade” de Alfonso Cuarón. “Mas porquê? Eu adorei o filme...” Bem, o dilema desenvolve-se pelas revolucionárias
e tão diferentes críticas que tem recebido. Muitos dizem ser "secante", outros emocionante!
Uma engenheira médica parte para o
espaço após a perda da filha e trabalha em conjunto com um astronauta depois de um
acidente os deixar ambos a pairar no espaço.
O trailer inspira desconfiança e
aumenta os níveis de claustrofobia deixando qualquer um de cabelos em pé.
Acabei por ceder e não fiquei desapontada. “Gravidade” entrega ao espetador o
prometido, muita emoção e as duas mãos agarradas aos braços da cadeira.
O mais impressionante será de facto
a gravidade que se torna muito irritante ao longo da película. Ver a Sandra
Bullock a ser perseguida por desastre atrás de desastre sem poder correr e em
constante rodopio pode aumentar os nervos da pessoa mais calma. Quanto aos
atores, não desapontaram expressando bem a ironia e o medo. A realização...
excelente, tal como seria esperado de Cuarón, ou não se lembram de “Harry
Potter e o Prisioneiro e Azkaban”? Bem, desta vez valeu a pena comprovar a
existencial dúvida.
★★★★★★★★ – 8/10 estrelas
O
Thriller – Não entrem neste filme de ânimo leve, “A Chamada” promete
arrepiar e colocar os nervos de qualquer um em franja.
Uma
veterana (Halle Berry) no centro de chamadas do 112, recebe um alarmante
telefonema de uma adolescente prestes a ser raptada. Este acaba sem uma
conclusão feliz, o que leva a profissional a retirar-se do trabalho para ensinar
futuros trabalhadores no centro. No entanto, uma nova chamada requere a sua
ajuda e esta outra rapariga (Abigail Breslin), também raptada, precisa de ser
salva.
A menina d’”A Ilha de Nim” junta-se
à bondgirl num thriller emocionante.
À semelhança de “Raptadas”, este filme explora a psique de um raptor e o terror
por detrás de uma missão de resgate. Entendemos o trabalho marcante de quem
atende os telefonemas do 112 e este enredo curioso acaba por se aliar a uma
realização apelativa e a duas fantásticas atrizes.
O filme pode chegar a “tocar”
levemente no terror puro, pois a cara do raptor traumatizado de Michael Eklund é
dificilmente esquecida. Não é de certo um filme para a vida ou aquele que
desejamos um dia reviver, mas é bom no seu sentido de alerta e na história que se
desenvolve de uma forma marcante.
★★★★★★★ – 7/10 estrelas
O Crime - “Runner, Runner” ou,
como uma boa tradução portuguesa diria, “Jogo de Risco” é a sugestão do mês que
esteve em primeiro lugar na minha lista de visualizados.
Um universitário (Justin Timberlake) vê-se sem dinheiro
para pagar as propinas e então decide envergar pelo poker online. Como esperado, este acaba por não correr bem e após
reparar que foi de facto enganado, parte para confrontar o dono do site (Ben
Affleck), de forma a recuperar o seu dinheiro.
Não que seja, de facto, uma sugestão obrigatória à
visualização, pois não passa de uma tentativa falhada por parte do realizador
Brad Furman em transparecer uma ação entusiasmante que poderia ter facilmente
resultado com algumas falas inteligentes, no entanto, o filme acaba por apenas
“roçar” no sucesso.
Desde a sua interpretação n’ “A Rede
Social” que o ator Justin Timberlake
ganhou o meu respeito, mas este filme foi alvo de uma amostra forçada por parte
do mesmo. O que acaba também por acontecer aos argumentistas, a história
parecia não ter rumo e o final foi de certa forma decepcionante. Devo dizer,
porém, que pela primeira vez Ben Affleck provou que talvez consiga de facto
interpretar “Batman” pela dureza que demonstra neste filme. No fundo, não passa de
uma boa história desperdiçada pela falta de imaginação, porém para os amantes
de póquer (não o meu caso), talvez a opinião seja diferente.
★★★★★★ – 6/10 estrelas
A
Ação - Este mês
a escolha foi deveras difícil para a categoria d’”A ação” apesar da grande
oportunidade que tive em aproveitar uma tarde a ver “Rush” decidi arriscar em ainda mal, visto que John Travolta com sotaque bósnio só poderia dar em quase
desastre.
Um ex-escorpião da guerra na Bósnia
(John Travolta) viaja para a América para tentar saciar a sua vingança face ao
veterano militar americano (Robert DeNiro) que o tentou fuzilar.
A corrida de rato e gato entre estes
dois personagens não seduz nem no início nem durante. Estes dois “veteranos” do
cinema não poderiam ter sido pior escolhidos. É um filme que não é reconhecido
pela história mas que leva à
visualização, devido a quem o protagoniza.
O enredo é repetitivo e nada
surpreende, basicamente foi concebido para fazer sofrer as mentes mais
sensíveis. Quando pensamos estar perante um filme leve em conteúdo, a dor e o
impacto desnecessários da tortura abrem caminho. É mais uma tentativa por parte
de Hollywood em manufacturar um “original” simples que surpreenda, mas que
acabou por se revelar deveras “mau”.
★★★★ – 4/10 estrelas
FILMES DO MÊS DE
OUTUBRO – DVD
O
Histórico – “Cinderella Man” (2005) pode bem tornar-se o clássico da próxima
geração, não pelo impressionável físico de Russell Crowe ou o seu engraçado sotaque
de Nova Jérsei, mas pela emocionante história de amor e a veracidade que
acarreta.
A história verídica de Jim Braddock
(Russell Crowe), um boxer que experiencia no pior dos cenários a década que
segue à “Grande Depressão” nos Estados Unidos, torna-se inspiradora e acaba por
refletir a sociedade que integra em geral.
Talvez será um daqueles nomeados aos
Óscars (Melhor Ator Secundário, Melhor Edição de Filme e Melhor Maquilhagem)
que sai perdedor, mas marca o ano de estreia. Pela primeira vez, Crowe não venceu
nos prémios da Academia como em “Gladiador” ou “Uma Mente Brilhante”, mas venceu
no caminho da doce interpretação e do bom enquadramento histórico.
Sendo uma história com um fundo de
verdade, o argumento apenas pode ser confirmado por quem a presenciou, mas
torna-se mais exasperante, pois uma história controlada por um autor pode tomar
qualquer caminho, no entanto numa história controlada pela vida o inesperado pode
acontecer. Penso que foi esta a razão que levou as minhas companheiras de turma
(com quem vi o filme) a expressarem de forma tão vivida a ansiedade prometida
de um combate de boxe.
Não posso deixar de concordar com a
nomeação para melhor edição de película, a forma como a vida de um miserável
(desta vez sem cantorias) que tem de alimentar os filhos pequenos é transmitida
na sua essência cruel e intensamente triste, contudo sem a mínima prova de
desistência. A realização não podia ser melhor atribuída, Ron Howard passa de
“Grinch” para um drama doce e comovente, provando mais uma vez a genialidade
de “Uma Mente Brilhante” e deixando-me cada vez mais esperançosa pela adaptação
do livro “The Graveyard Book”, de Neil Gaiman.
★★★★★★★★ – 8/10 estrelas
O Clássico – Apesar do meu contacto já posterior, com este filme, este mês, tive a oportunidade de revivê-lo e não poderia deixar opinar sobre ele.
Viktor Navorski é um emigrante que decide visitar Nova Iorque, porém, durante o seu voo, o seu país assiste a uma revolução política e deixa de ser reconhecido como tal. Sendo assim, Viktor é obrigado a residir no aeroporto sem qualquer conhecimento da língua inglesa e sem poder nem entrar na cidade, nem regressar à terra natal.
“O Terminal” é uma obra-prima da comédia ternurenta. Steven Spielberg mostra mais uma vez a sua forte versatilidade apostando numa história não só enternecedora como também humorística e fá-lo de uma forma genial.
Tom Hanks demonstra a sua capacidade de se transformar e o seu sotaque nórdico alcança um tom quase genuíno. Apesar do ano de estreia ser de facto 2004, para mim é um clássico do futuro, assim como “Forrest Gump” é um filme para o espírito, para a mente e para o coração.
A realização é quase tão plena e fantástica como o argumento e este, sim, comprova a minha teoria pessoal de que para literatura temos livros e para cinema temos originais. Com efeito, a produção em massa de histórias fabricadas para a leitura em Hollywood, começa a tornar-se cansativa e nem sempre é o que torna um filme mais popular, podendo até modificar opiniões quanto a certo realizador ou argumentista. O sucesso de “A Vida de Pi” no cinema e a sua fraca aderência na literatura pode contrariar a tendência, mas é apenas uma exceção num mar de produções que parecem cada vez mais cair na ignorância e na necessidade de sucesso monetário, ou não teríamos a grande inconsistência em, por exemplo, a adaptação d’”As Cinquenta Sombras de Grey”
Eu diria: Faltam originais, queremos mais “Terminais”!!
★★★★★★★★★★ – 10/10 estrelas
SUGESTÃO DE HALLOWEEN
Não sabes o que fazer na noite de Halloween? É um dia de semana e
sabes que vais estar cansado mas mesmo assim queres passar um serão assustador
na companhia de quem mais gostas? Não desesperes. Aqui fica uma sugestão que
promete arrepiar, por isso veste o casaco e esta quinta-feira, dia trinta e um,
corre para a sala de cinema mais próxima em busca de “Carrie”, a assustadora
adaptação do livro de Stephen King com o mesmo nome.
“Carrie” estreia no próprio dia das bruxas e vai assustar garantidamente,
para além de ser uma adaptação é também o remake
do também adaptado “Carrie” de 1976. Tendo lido o livro, prometo o susto e o
suspense. Carrie é uma rapariga que vive num ambiente controlado por uma mãe
extremamente religiosa, esta faz da pobre criança vítima de agressão emocional, o que ocorre também nos seus dias escolares por parte de umas colegas menos
simpáticas. Mas a verdade é que por muita vingança que tenha dentro de si, Carrie é também especial pelo seu poder de telecinésia ou TK, ou seja, consegue mover realidades com a própria
mente. Com Chloë Grace
Moretz e Julianne Moore nos principais papéis
“Carrie” é a sugestão ideal para a noite de Halloween acompanhada, claro, de umas
pipocas doces mas cheias de travessuras.
Para mais alguma sugestão
preenche o formulário aqui com o
assunto “cinéfila” e aconselhar-te-ei o filme ideal para qualquer ocasião.
Podes também colocar as tuas questões sobre as próximas estreias ou novidades
no mundo do cinema e a tua mensagem aparecerá na rúbrica do próximo mês.