A HOMOSSEXUALIDADE - "CRÓNICAS DE QUEM BEM SABE FALAR"

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

      Escrito por: Pedro Fernandes
Revisto por: Inês Cardoso
      
     
      O assunto deste texto, reflexão ou crónica, ou melhor mesmo um despejar de pensamentos, tem origem numa daquelas conversas de esplanada, durante a qual o tema da homossexualidade vem à tona. Este assunto gerador de imensa polémica e discórdia, com argumentos “semi-válidos” de ambos os lados, causou naquele grupo de amigos algo que, rapidamente se tornou num debate amigável, fomentado por um interveniente homossexual. A minha opinião em relação ao assunto é bastante linear, para além do direito humano que é o direito à orientação sexual, não duvido que se eu me sinto atraído por indivíduos do sexo oposto, (sentimento este que não é apenas movido pela minha necessidade instintiva de me reproduzir para dar continuidade à espécie) exista também a hipótese de outrem se sentir atraído por alguém do mesmo sexo. Para além de muitos outros argumentos, desde a grande variedade de espécies que inclui no seu modo de vida práticas homossexuais, ao argumento de que as práticas homossexuais são “anti-natura” (contrário à natureza), devido à necessidade de reprodução sexuada para manter o número de indivíduos, este último argumento traz-me ao verdadeiro assunto que pretendia abordar. Dias após esta conversa, na minha mente mantinha-se uma espécie de contrariedade: a diferença entre natural (que se refere ou pertence à natureza) e normal (de acordo com a norma, com a regra).
     Como todos os outros, estes conceitos foram criados pelo ser humano para se referir ao que o rodeia, contudo apesar de por vezes utilizados em situações similares estes são bastante diferentes! Apesar de podermos dizer que a homossexualidade, ou algo do género é natural, pois de facto, acontece na natureza não podemos dizer que é normal ou anormal. A meu ver o primeiro é algo que é fixo e que o homem não controla. Na natureza apesar de tudo ser obviamente natural, nem tudo é normal pois, como no ser humano “cada caso é um caso”, ou seja graças a variabilidade que existe entre os indivíduos de uma espécie estes não são todos iguais, apesar de serem similares entre si.
    Portanto, a abrangência da palavra “normal”, na minha opinião, é controlada pelas vivências de cada um e por isso, não deve de maneira nenhuma ser aplicada em situações como “Isso não é normal” uma vez que isto varia com o leque de experiências vividas pelo interlocutor. Para alguém criado no cerne de um ambiente tribal do continente africano, pode ser considerado “normal”, por exemplo, a cada lua cheia que passa fazer um grande círculo de tambores e pintar os corpos de branco. Este foi um exemplo de algo radicalmente diferente daquilo a que os povos da sociedade ocidental estão habituados, mas se repararmos com atenção, é possível encontrar exemplos idênticos dentro de uma cidade, ou até de uma escola.
           Manter uma mentalidade assim em relação a várias coisas é o que impede o avanço do mundo, se continuarmos a pressionar os outros a submeterem-se aos nossos padrões acabaremos com toda a individualidade que é algo inerente ao que nos torna humanos e ao que nos torna únicos.

        Para finalizar achei pertinente parafrasear aquele que é, a meu ver, um dos escritores mais anormais de todos os tempos. "Não há normas. Todos os homens são excepção a uma regra que não existe."Fernando Pessoa.


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