Artigo por: Inês Geraldes
Revisto por: Inês Cardoso
Milhares de pessoas fazem
milhares de quilómetros todas as semanas por amor. Isto era bem visto se fosse
um início de um romance, não é? Mas se vos disser que estou a falar de adeptos
de futebol, aqueles “rafeiros que vão em camionetas pelo país fora a destruir
tudo o que veem”, vocês já não acham muita piada.
Mal vistos, olhados de lado e
insultados. Não se importam muito, vozes de burro nunca chegam ao céu. Quem
opina sobre estes grupos organizados não faz ideia do que está a dizer, mas
fala com uma conotação racista tão grande que me faz duvidar sobre quem serão
os mal-educados.
Nas claques não há raças, não há
diferenças de sexo nem de meio social. Um médico abraça um carpinteiro num
golo, o negro festeja com o branco… dá-se todo um ambiente familiar que só
percebe quem o vive.
Ainda há dias, um senhor escreveu
uma crónica cuspindo argumentos para se acabar com as claques. Dizia ele que a
maior parte daqueles indivíduos deviam estar na prisão, que eram criminosos,
contrabandistas e desordeiros. Faziam tudo por um momento de violência e
instalavam o pânico por onde passavam, roubando e destruindo. Não sei se terá
razão – ou até sei, mas não vale a pena contra-argumentar sobre quem nada sabe
sobre o que fala - mas sei que todo e qualquer humano sabe reagir a
provocações. Quanto aos roubos, qual será a
diferença entre um grupo de rapazes de calças de ganga e t-shirt que rouba uns
pacotes de pastilhas elásticas, e um grupo de homens de fato e gravata que
rouba milhões todos os dias?
Com isto não quero angelizar a imagem
de ninguém, mas espero que comecem a selecionar corretamente quem deve comentar
o quê, porque deixar senhores completamente aluados comentar assuntos que mexem
com a integridade de pessoas não é uma boa opção. Se assim for, as minhas
reflexões nunca poderão deixar de parecer agressivas.
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