O CONSUMISMO TELEVISIVO

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Artigo por: Joana Sobral 
Revisto por: Inês Cardoso 

           O mundo televisivo é, nos tempos atuais, um universo virtual paralelo ao da realidade.  A televisão, antes utilizada como meio de difusão sociocultural e de propaganda aos ideais a seguir pelos diferentes regimes, transformou-se numa fonte de entretenimento e ocupação da maior parte da população mundial. Na verdade, este meio de comunicação de massa passou a ser consumido de tal forma, que muitas vezes suplanta o essencial, priorizando o que é secundário e complementar. 
                Esta jornada começa desde muito cedo, imediatamente na infância de uma criança. Desde muito jovens que o público infantil começa a ser persuadido e estimulado a gostar de televisão, através dos canais que propiciam programas infantis, como o Canal Panda ou o Disney Channel. Estes são meios televisivos, pelos quais, respetivamente, um recém-nascido começa a saborear o prazer do que é estar perante um telerreceptor. Reparemos que o próprio Canal Panda contém secções de lazer para bebés com pouco tempo de vida, tais como músicas de embalar ou figuras primárias, para que possa ser percetível à criança. Através destes recursos, os mais novos interagem com as produções televisivas aprendendo e estabelecendo relações com as mensagens e conteúdos transmitidos, que são posteriormente postos em prática no seu quotidiano. Na escola, são vários os professores que observam a presença destes temas e personagens nas relações que os alunos estabelecem uns com os outros, assim como as aprendizagens construídas através do que vêm nas televisões de casa. Nos recreios, as crianças adotam brincadeiras de acordo com os conteúdos representados pela televisão. Os meninos com personagens do Dragon Ball ou Power Rangers e as meninas com as Monster High ou Winx. Todo este processo termina com um número soberbo de horas que as crianças passam à frente de um aparelho televisivo.
                Este consumismo televisivo propaga-se então para a idade adulta, onde jovens e graúdos assistem diariamente a programas como Casa dos Segredos ou Fator X, a filmes consecutivos que dão mais que duas vezes por semana, às Tardes da Júlia e ao Você na TV, a novelas diárias e até a publicidades sucessivas que se propagam por tempos indeterminados. Estas, que se dividem em diversos setores como a alimentação, os automóveis, os bancos, o entretenimento, a higiene, os medicamente, as telecomunicações ou o turismo, passam a ter como objetivo a criação no consumidor de necessidades irreais, para que este adquira o serviço ou o produto. De forma prazerosa, as famílias juntam-se para assistir às transmissões televisivas. Vários estudos já comprovaram que a maior parte da população tem como lugar de preferência colocar a televisão na sala, visto que esta é o centro da casa, um ponto estratégico para desfrutar dos seus benefícios. Menos de metade colocam também o aparelho no quarto, possuindo então mais que uma televisão em casa. Os programas mais assistidos são o telejornal, as novelas e os filmes, que possuem um âmbito mais familiar, ao contrário de programas como Casa dos Segredos que possuem um público mais restrito e específico ou Fator X que ao rejeitar géneros de música que não sejam pop nem comerciais, começa também a afastar muita parte do seu público. No entanto, o poder que os programas televisivos têm sobre as pessoas é alvo de mais estratégias, como por exemplo a construção de personagens fictícias que são transpostas para o mundo da realidade. A personagem Liliane Marise, interpretada pela actriz Maria João Bastos na novela Destinos Cruzados, é um modelo desta transposição da fantasia para o mundo mais real, onde uma cantora que aparentemente tem tudo para ser má profissional, acaba por ser um fenómeno a nível nacional, com concertos concretos marcados nos inúmeros pavilhões existentes no país.

                Apesar de todos os fenómenos, a população encontra-se já alerta para terem precaução com os excessos praticados. Assim, existe um cuidado para que haja um consumismo televisivo moderado, falando neste contexto de todos os tipos de tecnologia que nos privam de passar mais tempo com a família. Desta forma, a sociedade aprende também a precaver os comportamentos dos mais jovens, tais como as dificuldades em adiar a satisfação ou em controlar os impulsos consumistas ou até mesmo variados problemas no âmbito da saúde que posteriormente são evidenciados e que são provocados por este consumismo televisivo. 





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